Por quê OKR's são tão importantes hoje em dia?

Por quê OKR's são tão importantes hoje em dia?

Qual é o problema?

Um fator importante para tomar boas decisões é entender o problema que será resolvido. Em geral as pessoas tem ideias e sugestões sobre como melhorar um produto ou processo, mas na real não sabem identificar qual é o problema que se soluciona com tal ação. Após muito tempo se questionando os motivos desse comportamento, chego à conclusão de que o motivo é por não estar claro qual é o “core” da empresa, o propósito transformador massivo, entender o que é feito torna a vida das pessoas muito melhor.  

Geralmente quando são mencionados os objetivos da empresa, as respostas comuns são lucro, otimização, saving, inovação. Mas na real, estas coisas são consequências do que é feito. Então o “como” e “porquê” tem interpretações diferentes conforme o ponto de vista em que você é ou está na empresa, visto que o processo para entender o caminho, é diferente para o marketing em relação ao CS ou ao desenvolvimento por exemplo, sendo que ambos trabalham sob um mesmo problema, um mesmo produto, uma mesma empresa.

Desenho animado

Problemas de escopo fechado x escopo aberto

Fazendo uma analogia com games, toda uma geração doutrinou seus cérebros a terem recompensas por atingir objetivos, sejam eles difíceis ou não. No entanto, em um jogo o escopo do problema a se resolver sempre é fechado, e todas as soluções já foram pensadas e preparadas para serem encontradas, inclusive todas as alternativas possíveis, ferramentais e tudo mais, basta procurar ou persistir em treinar as habilidades para conquistá-las dando a sensação, ao resolvê-las, de dever cumprido.  

Nosso erro é projetar essa perspectiva e expectativa para o cotidiano e acabar se frustrando por não conseguir atingir este mesmo “sentimento” quando nos desafiados perante uma entrevista, um novo desafio no trabalho, uma meta ou uma sugestão “simples” de programação como “só” colocar um botão em uma tela.

Jogo de vídeo game

Ah, neste universo da fantasia dos games, ainda há outro fator que nos ganha emocionalmente. Por entender muito bem como “funcionamos”, todo jogo oferece “side quests” ou missões secundárias, que tem como objetivo criar um refúgio emocional, um alento após algum grande desafio, e isso além de nos proporcionar mais uma recompensa com pouco esforço, nos dá um novo impulso para seguir em frente.

Logicamente há muitos profissionais envolvidos na criação de um jogo, mas o relevante aqui é como ele é feito pensando nas pessoas que irão jogá-lo e não somente em como atingir um objetivo final. Talvez por este tipo de abordagem que os games são umas das indústrias que mais movimentam dinheiro no planeta e o louco é que ninguém precisa de vídeo game para continuar vivendo.

O erro das empresas, do CEO ao estagiário, é não transformar os problemas reais, geralmente de escopo aberto, em pequenas missões de escopo fechado. Criar refúgios que sirvam como mola para enfrentar desafios cada vez maiores. E aqui não me refiro a puffs e cervejinha no trampo, mas sim de pequenos desafios intelectuais que podem renovar as motivações de cada profissional, como projetos “particulares” que lembrem e o porquê escolheu tal carreira, recuperar o tesão por querer fazer, transformar, sentir-se importante.

No entanto, mesmo que todos os “side quests” sejam feitos, isso não faz com que “platine o jogo empresarial”, então mais importante que isso, é que o objetivo principal, a motivação seja sempre clara e objetiva.

Qual é a nossa missão?

(quer entortar um dev, faça a ele essa pergunta rsrs)

Outro aspecto horrível é quando a empresa apresenta objetivos que são muito abstratos ou incoerentes. Por exemplo, dizer que “queremos ser a maior empresa de blablabla”, ou então “vamos ser a melhor startup na área de blablabla”. Mas na nossa cabecinha pipocam as perguntas: Como? quando? porquê? Qual o caminho para chegar lá? Onde que eu devo atuar? Puxo ou empurro? Se fizer isso ou aquilo contribui ou atrapalha? etc.  

Você pode fazer um teste na sua empresa, apresente um problema e uma possível solução para o caso. Se você virar o “pai da criança”, provavelmente é porque não há resposta clara para as perguntas acima. Já se isso virar pauta da empresa e discutido como isso impacta nas áreas e fluxos, bem como poderá mitigar o problema é um sinal que as coisas estão muito mais estruturadas e todos estão na mesma parte de caminho que pertence a jornada da empresa rumo ao seu objetivo.  

Outro exemplo é se você ouvir em uma reunião geral a frase “só vamos alinhar as coisas aqui para todos ficarem na mesma página”, percebe que já está tudo atrapalhado e que está sendo feito só um remendo na situação?

Isso é tão ruim quanto dizer “aqui somos todos vendedores” em uma empresa que desenvolve software, visto que o objetivo da empresa fica reduzido apenas em vender, como um e-commerce ou mercado por exemplo. No entanto há muito mais do que isso, mesmo para soluções saas, pois o software é uma ferramenta que evolui, se adapta e move as correntes da indústria, não só um produto que tem seu começo, meio e fim bem definidos.  

Para empresas de desenvolvimento de software, acho muito mais sensato a frase “somos todos empreendedores” ou “somos todos empresa X..”, pois isso já dá entender que o objetivo da empresa é muito maior que só vender e que cada um tem um papel relevante, desde a problematização, ideação, criação, validação, implementação e manutenção do produto que representa a empresa, sendo os resultados de venda apenas consequência!

Meme

Outra frase que parece boa, mas também dá um sentimento ruim é “esse resultado/venda é de todos”. Isso é negativo de duas formas, pois dilui o crédito de quem ralou o mês todo, as vezes até sozinho na negociação para conquistar tal resultado, e também para aqueles que estão apartados do comercial por não entenderem porque também não recebem comissão da venda. Assim como o vendedor não tem (geralmente) mérito nenhum sob um código bem arquitetado, com vários designer partners utilizados, com UX feito quase sem recurso ou UI criada a partir de um grande estudo afim de poder trazer inovação ao produto, etc.  

Ou seja, essas frases são reflexo de que a missão, o objetivo mor da empresa é obtuso, de escopo extremamente aberto e mesmo com grandes iniciativas e melhorias, o resultado é muito difícil de mensurar, como andar numa trilha com neblina com uma bussola na mão, mas sem saber se tem que ir pro Norte, Sul, Leste ou Oeste!

Como operacionalizar o problema?

Digamos que o problema já foi identificado. Show! Mas como resolvê-lo? Há muitas técnicas para isso, mas o que quero contribuir aqui é com o entendimento do que fazer, independente do como fazer.

Quarto de criança bagunçado

Imagine um quarto de uma criança de uns 3 ou 4 anos e está totalmente desarrumado (sim, tenho filhos hehe). O problema aqui parece claro, mas para uma criança, a solução ainda é abstrata, ou seja, como transformar o quarto bagunçado no quarto arrumado igual do papai? :p Pense que pra criança, ela sempre vê isso como uma transformação mágica, seja por exemplos em desenhos e filmes ou pela vida real mesmo, pois após algum tempo longe do quarto ele sempre volta a ficar arrumado!  

Apesar do problema ser claro, percebe aqui a dificuldade em entender a solução do problema? O que fazer então? O adulto tem que ensinar que esse problemão é formado por vários pequenos problemas, como as roupas sujas no chão, a cama desarrumada, os brinquedos jogados, as gavetas e armários abertos, etc. Quando se colocam pequenos problemas para se resolver ou se passa a operacionalizar o problema, o meio para se atingir tal objetivo se torna mais palpável, mensurável, recompensador.

Conclusão

Assim como as empresas de tecnologia que viraram referência como Uber, Netflix, Airbnb, etc. que percorrem uma jornada bem delineada e são o que são por apresentar soluções tecnológicas disruptivas, mas ao mesmo tempo tinham seu objetivo transformador muito bem claro tanto internamente quanto para a sociedade, assim também é para outras empresas que desenvolvem software.  

É preciso primeiro ter o rumo definido, proporcionar que todos possam apreciar a jornada, criar pontos de controle para que todos possam revigorar-se após grandes desafios e ter líderes que ajudem todos a mutualmente se ajudarem para que o sucesso desejado seja “apenas” a consequência, a grande recompensa aguardada!

Última atualização:

18

de

October

de

2022

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